Memórias sobre o avô seleciona aluna para competição estadual
13:50:00UnknownJúlia,
13 anos, da Escola Anísio Teixeira, participa
de Olímpiada de Língua Portuguesa
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Júlia com a professora Samara |
Na véspera do aniversário de
11 anos, a pequena Júlia recebe a notícia do falecimento do avô Joaquim, figura
que nasceu em Paulo Lopes e veio, ainda jovem, para a Costeira do Pirajubaé.
Ela e o avô eram confidentes. Ele adorava fazer relatos à Júlia de Souza sobre
o bairro. “Eu amava sentar ao seu lado e
ouvir todos os causos sobre o povo local”, diz a estudante da Escola Básica
Municipal Anísio Teixeira, estabelecimento instalada na Costeira.
“Às vezes fico aqui a
contemplar o pôr do sol, fecho meus olhos e deixo minha cabeça viajar por todas
aquelas histórias que meu avô contava”. Júlia morava perto da casa do seu
Joaquim e suas visitas eram frequentes, praticamente diárias. O avô paterno,
bastante extrovertido, sempre se reunia com a neta e o restante dos familiares na
sala e na cozinha de sua residência para contar suas histórias.
Inspirada nele, cujo apelido
era “Tiquinca”, a aluna do oitavo ano
teve o seu texto “Minha terra de
berbigões”, selecionado para participar
da etapa estadual da Olímpiada de Língua Portuguesa. Ela foi orientada pela
professora Samara Gonçalves Ladeira.
Júlia participa da
categoria Memórias Literárias com o tema “O lugar de onde vim”. No texto,
relata
as mudanças pelas quais o bairro passou, conforme seu avô Joaquim. “As histórias de meu avô
traziam cheiros e sabores de nossa comida, do nosso pirão d' água, de nossos
peixinhos fritos e do bom berbigão.” Seu Tiquinca faleceu no dia 04 de dezembro
de 2011.
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Júlia com seu avô Joaquim e sua avó Maria |
Aos 13 anos, a estudante sempre
apresentou gosto pela leitura e pela escrita, e tem boas notas na disciplina de
Língua Portuguesa. Seu sonho? Seguir a carreira de jornalista.
A Olímpiada acontece a cada
dois anos e é dividida em quatro categorias: Poemas (5º e 6º anos), Memórias
(7º e 8º anos), Crônicas (9º anos e 1º anos do Ensino Médio) e Artigos de Opinião
(2º e 3º anos do Ensino Médio). A Comissão Julgadora analisará os textos
selecionados para a etapa estadual entre os dias 25 de setembro e 03 de
outubro.
O
lugar de onde vim
Originalmente, o
bairro Costeira do Pirajubaé era chamado de Pregibaé e era cheio de mangues e
estradas de chão. As embarcações com peixes e camarões sempre passavam pelo
bairro antes de chegar ao centro do antigo Desterro, atual Florianópolis. “Aqui
não tinha nada de asfalto não, isso foi coisa trazida pela modernidade. Era
tudo tomado por mangue e estrada de
barro. As pessoas vinham lá do sul da Ilha para chegar lá no mercadão central.”
conta a estudante em seu texto.
“Meu avô disse que
aqui, como fica na encosta do morro e é cercado pelo mar, sempre atracavam as
embarcações que distribuíam peixes e camarões, e era uma festa só.” Como visto
no relato do seu Joaquim, o local destacava-se pela cultura da pesca. A produção
de cana-de–açúcar também era um marco do local, que chegou a ser considerado o lugar
com maior quantidade de engenhos e moendas da Ilha de Santa Catarina.
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